Diabetes
Entrevista com o médico Endocrinologista
Dr. Marcio Krakauer
CRM/SP: 72.293
Silmara Biazoto
Portal Médico em Casa – 10% da população adulta têm diabetes. Para iniciar a entrevista vamos a um panorama geral, quais os tipos de diabetes?
Dr. Marcio Krakauer – É uma doença extremamente prevalente que atinge hoje 450 milhões de pessoas no mundo e por volta de 14 e 15 milhões no Brasil. Atinge homens e mulheres da mesma maneira e seu grande problema é o fato de ser silenciosa.
Hoje nós classificamos como tipo 1, tipo 2, gestacional e outros. Nesse outros incluímos pessoas que:
- Tomam hormônios como a cortisona;
- Com doenças hormonais que produzem cortisona;
- Usam hormônios do crescimento;
- Têm excesso de hormônio de tireoide, que pode dar diabetes também;
- Que tiraram o pâncreas ou que pelo alcoolismo desenvolveram pancreatite;
- Tem o tipo genético mody e o lada.
O que está se mostrando no mundo é que nós temos vários tipos 2 de diabetes e vários tipos 1. Então, não existe um modelo, todos os diabéticos do tipos 2 são iguais e todos diabéticos do tipo 1 também, a evolução e as complicações são diferentes.
A ciência está começando a ter métodos diferentes para diferenciar como as pessoas se classificam para acertarmos o melhor tratamento e reduzir as complicações.
Para uma classificação, a diabetes tipo 1 e tipo 2 são as mais frequentes:
Diabetes Tipo 1
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o organismo produz anticorpos que atacam o pâncreas deste indivíduo, em geral jovem ou criança, e é esse ataque de anticorpos que faz parar a produção de insulina. Portanto, o tipo 1 é uma doença autoimune com quase nenhuma produção de insulina.
Diabetes tipo 2
A diabetes do tipo 2 é uma doença que tem componentes genéticos que favorecem o indivíduo a não produzir corretamente a insulina, mas ele produz.
Os fatores ambientais é que movem a vida da pessoa para virar diabética, a obesidade é o fator principal, mas o sedentarismo também é muito importante. Fatores do ambiente, misturados com a genética fazem com que as pessoas virem diabéticas tipo 2.
Portal Médico em Casa – Na diabetes tipo 2, se mudar os hábitos alimentares, a doença é reversível?
Dr. Marcio Krakauer – Como tem relação com a parte ambiental, se a pessoa mudar os hábitos alimentares, fazer atividade física, mudar o comportamento e perder peso, nós podemos reduzir entre 60 e 70% a incidência.
É uma doença de prevenção e se tem estudado muito algumas medicações para aumentar o número de pessoas que a revertem por meio de bons hábitos alimentares, mas não é simples e nem todo mundo consegue, na verdade a maioria não consegue. Nós conseguimos o bom controle da doença, isso é uma remissão.
Portal Médico em Casa – É necessária uma campanha, uma maior conscientização?
Dr. Marcio Krakauer – É uma doença silenciosa, só vai produzir algum sintoma quando a glicose estiver muito alta, acima de 180 ou 200 constantemente por anos e não têm nenhum sintoma.
Quem deve se preocupar para ir anualmente ou a cada dois anos fazer um exame de sangue na ponta do dedo para saber se tem diabetes são:
- Os indivíduos acima de 45 anos que tenham gordura, principalmente abdominal;
- Sedentários;
- Hipertensos;
- Mulheres que tiveram filhos com diabetes (diabetes gestacional e filhos acima de 4 quilos);
- Indivíduos mais velhos.
Portal Médico em Casa – Quando o diabetes começa e se manifestar, quais os sintomas?
Dr. Marcio Krakauer – Sede excessiva, fome excessiva, perda de peso, pode ter coceira na região genital, visão embaçada e está mais sujeito a infecções de forma geral, como por exemplo, dores nos dentes e sinusite.
No tipo 1 acontece a mesma coisa, mas numa fase mais aguda, ocorre de um dia para o outro e é mais intenso.
Portal Médico em Casa – Como é administrar a doença no dia a dia?
Dr. Marcio Krakauer – A faixa de normalidade de um indivíduo que não tem diabetes vai dos 70 até os 120, 130, classicamente até os 140 está tudo bem. Agora é uma faixa estreita de glicemia. Para quem tem a doença, manter os números nestes intervalos é um desafio constante.
Existe um aparelho que não mede mais na ponta do dedo, é um sensor de glicose instalado através de uma pequena agulha, indolor, atrás do braço e com o auxílio de um leitor, o paciente vê o valor da glicose, só que isso é muito moderno, tem um custo um pouco elevado e ainda não atinge a grande massa.
Existem também vários aplicativos para ajudar no diabetes, são estruturas que recebem valores da glicose. O paciente faz o teste onde ele quiser e coloca no aplicativo e ele vai organizar melhor a alimentação, exercícios, insulinas com doses e horários. Uma interface de comunicação com a equipe de saúde porque nós temos que ver estes dados e analisá-los para fazer as mudanças terapêuticas.
Portal Médico em Casa – Diabetes provoca impotência sexual?
Dr. Marcio Krakauer – A impotência ocorre em alguns homens, não em todos. Não é só ter diabetes que vai ter impotência, de forma nenhuma, mas é uma complicação do mau controle.
Tudo que temos de complicação crônica da diabetes é por mau controle, não por que a doença leve a isso inexoravelmente. Então, pode acontecer porque a doença afeta os nervos e vasos sanguíneos que são fundamentais para ereção. Mas tem muitos estudos dizendo que também altera a parte sexual das mulheres, inclusive com diminuição de libido e etc…
Portal Médico em Casa – Quais as consequências de quem tem a doença e não se cuida?
Dr. Marcio Krakauer – As mais conhecidas são:
- Cegueira – a maior causa de cegueira do mundo;
- Amputações das pernas e dos pés – o que chamamos de pé diabético, que são lesões nos vasos, nos nervos e nos ossos;
- Doença renal crônica – a maior responsável por levar as pessoas para diálise no mundo e a maior causa de infarto e derrame no mundo. A diabetes aumenta de duas a quatro vezes o risco de ter um infarto e um derrame.
Portal Médico em Casa – Para encerrar nossa entrevista só mais uma pergunta, usar o adoçante no lugar do açúcar e do mel ajuda a evitar o diabetes?
Dr. Marcio Krakauer – Adoçante é um substituto do açúcar que não tem poder de elevar a glicose na corrente sanguínea.
O açúcar branco e o açúcar das frutas têm poder enorme de aumentar a glicose na corrente sanguínea, portanto, devem ser consumidos em quantidade pequena dentro de um plano alimentar bem estruturado.
Na verdade, o melhor mesmo é não utilizar nem açúcar, nem adoçante. Não tem coisa melhor para aqueles que conseguem sobreviver sem isso.
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